Estamos vivendo nos últimos três meses a maior greve da categoria
docente nos últimos 10 anos e a maior ascensão do movimento estudantil desde
muito tempo. Este processo se caracteriza pela crise mundial que finalmente tem
seus reflexos no Brasil, e que faz com que o governo tenha uma grande retenção
de capital, além de aumentar os gastos com os grandes banqueiros e capitalistas
do país. Para reter a crise, o governo se utiliza da política de cortar gastos
com a classe trabalhadora, com a educação, com a saúde, e com os gastos básicos
para a população mais explorada para poder dar mais dinheiro aos ricos. Esse
processo gera revolta em todos aqueles prejudicados: a classe trabalhadora e a
juventude trabalhadora. Por isso, hoje temos um dos maiores ascensos dos
trabalhadores nos últimos anos, contando com mais de 34 categorias federais em
greve, e dentre estes os professores e técnico-administrativos das
universidades federais.
Mas, então, não há nenhum saldo positivo nesta greve? Nacionalmente,
todas as categorias tiveram um grande saldo organizativo importante, que arma a
classe trabalhadora para outras greves e manifestações. Além do mais, a classe
fez uma importante experiência com o governo, e houve um avanço na consciência
geral, que hoje entende que esse governo faz ataques à classe trabalhadora e
privilegia outra classe: a burguesia. Então, o saldo é positivo sim, na medida
em que houve a experiência com o governo de frente popular e um avanço na
consciência de toda a classe.
A UFRGS também teve avanços importantes, que se expressam em primeiro
lugar por ser uma das universidades mais conservadoras de todo o país e ter
entrado em greve. Além
disso, a universidade rompeu com o sindicato pelego, e agora, o ANDES, que
antes era minoria, começou a greve com 17 apoiadores, e terminou com mais de
200! Só com estes elementos já se pode caracterizar a greve como vitoriosa em
nossa universidade.
Outro processo importante foi a formação
do CNGE (Comando Nacional de Greve dos Estudantes), que foi impulsionada
fundamentalmente pela nossa entidade a nível nacional, e que se tornou uma importante
referência para os estudantes grevistas de todo o país. O Comando teve a função
de trazer as pautas dos estudantes a nível nacional para o governo, e essa
semana já estará negociando com o governo quais serão os saldos econômicos dos
estudantes em todo o país. E este também é um processo vitorioso, pois foi ele
que organizou os estudantes nacionalmente para lutarem por pautas conjuntas e
que reuniu uma equipe centralizada em Brasília com o objetivo de pensar
politica nacional e apoiar as greves federais.
A ANEL cumpriu um papel muito importante neste processo, foi quem
impulsionou e levou adiante o comando de estudantes, e começa a se tornar
referência em todo o país para todos aqueles que querem lutar ao lado da classe
trabalhadora!
Agora, é hora de avançarmos nas pautas locais, de cada Universidade. A
greve continua em curso no resto do Brasil e e luta, em defesa da qualidade na
educação pública permanece.
Luane Landau ANEL-RS