Contra a Homofobia, a luta é todo dia!
Gilian Cidade e Tiago “Bino”, diretores do DCE-UFRGS
“Nem tudo que enfrentamos pode ser mudado
mas nada pode ser mudado enquanto não enfrentamos”
“Não vamos sair”! Foi essa a resposta dxs frequentadorxs do bar Stonowall Inn em 1969 quando a polícia de Nova York invadiu o famoso bar gay com ordens de fechá-lo. Ao invés de fugir como era comum, xs frequentadorxs disseram um basta à sua situação de opressão e colocaram a polícia para correr.
Cerca de 40 anos se passaram desde a Revolta de Stonowall: mas, o que presenciamos hoje? Pouquissimas mudanças. Há pouco mais de um mês, todxs nós presenciamos o caso do estudante de Relações Internacionais que foi espancado enquanto seus agressores o “xingavam” de veado. William teve a mandíbula deslocada e perdeu quatro dentes por conta do ataque de homofobia que sofreu; e isso tudo aconteceu na Rua Sarmente Leite, quase dentro do pátio da UFRGS.
Esse é apenas um caso, um exemplo da situação que vivem xs homosexuais em nosso país. Em 2011, assim como em 2010, batemos o recorde em homicídios motivados por homofobia. Iremos para 10 anos de um governo de “Frente Popular” e nada foi feito em relação aos LGBTs no Brasil. Hoje somos o país com a maior Parada Gay do mundo e, ainda assim, campeões mundiais de violência homofóbica. São cerca de 250 assassinatos por ano, e os números só crescem. Apenas em janeiro de 2012 foram 36 mortes.
Apesar da vitória do Movimento LGBT com o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo pelo STF, as tímidas medidas que o Movimento poderia ter conquistado no ano que passou foram barradas pelo governo Dilma e seus aliados fundamentalistas e reacionários. Não há como esquecer do “Kit Escola Sem Homofobia” (Kit Anti-Homofobia) que foi vetado pela Presidenta. Depois tivemos o PLC 122. Um projeto de lei há muito tempo defendido pelo Movimento LGBT que visa criminalizar a homofobia. Contudo, o Projeto de Lei foi parar nas mãos de Marta Suplecy (senadora do PT), que no momento mais importante decidiu “dialogar” com os setores mais reacionários do parlamento e entregou de mãos beijadas o projeto de lei para que a bancada evangélica os destroçasse.
Diante dessa conjuntura, de um aumento da visibilidade LGBT – com programas de televisão e novelas que abusam de personagens homossexuais esteriotipados - e ao mesmo tempo de um aumento dos casos de homofobia é que iniciamos 2012. Nós do DCE-UFRGS não ficamos apenas de telespectadores. No mesmo espírito de “não vamos sair” é que o DCE se coloca na luta contra a homofobia e resgatando o movimento de luta, dizemos: contra a homofobia, a luta é todo dia!
Foi assim que já em dezembro o DCE-UFRGS se uniu a outras entidades e movimentos para construir uma delegação gaúcha para o IX ENUDS (Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual) ocorrido na cidade de Salvaor - BH, entendendo a importância de se construir e ocupar os Fóruns de discussão sobre o tema de Diversidade Sexual com uma postura combativa na luta contra essa opressão. Mas uma viagem tão longa trouxe muitos desafios, e o maior deles foi o financeiro.
Novamente, como uma prova de luta e resistência o DCE-UFRGS foi vanguarda. Em pleno período de férias bancou junto com a delegação gaúcha para o IX ENUDS a primeira festa LGBT do DCE. Um momento histórico para a entidade. Mais do que simplesmente uma festa de arrecadação, decidimos fazer uma festa para todxs oprimidxs que vêem dia-a-dia seus espaços serem fechados, criminalizados e invadidos pela polícia. A partir daí a UFRGS teria seu espaço LGBT. Não cabe em palavras o que foi a festa Revolutiva.
Logo na entrada xs convidadxs se deparavam com uma enorme bandeira com as cores do arco íris. Dentro rolava música com uma discotecagem famosa nas festas LGBTs e não faltou também uma intervenção artística. A Drag Queen Kelly Ocnab chamou xs oprimidxs a levantar-se e lutar! A festa, mesmo com dois ambientes, não suportou o número de pessoas, e em instantes viu-se a Av. João Pessoa tomada por casais LGBT’s e héteros. Uma festa como nunca antes vista pela vizinhança acostumada a movimentações do DCE. Um marco para o movimento LGBT da UFRGS e para o próprio DCE.
Os desafios são enormes! A delegação gaúcha volta do ENUDS mais forte para tocar a luta. Os debates, as discussões, as palestras e principalmente o contato com estudantes de outros estados fortaleceram xs estudantes da UFRGS. Na certeza de que é preciso lutarmos para mudar, é necessário que neste ano façamos mais festas e, principalmente, organizarmos o 1º Encontro LGBT da UFRGS. Somente assim poderemos tirar um programa em comum que arme o movimento LGBT da UFRGS para a luta contra a homofobia!