5 de ago. de 2011

Paulo Brum é paraplégico mas não me representa!

Paulo Brum é deputado estadual pelo PSDB. É cadeirante e a principal bandeira que supostamente levanta é a da luta pelos direitos das pessoas com deficiência e da acessibilidade.

Mas na prática, não é isso que se constata.

Embora apóie alguns projetos importantes para a realidade imediata das pessoas com deficiência,como as APAES e acessibilidade na cidade em geral, têm demonstrado que seu bem estar não são sua prioridade a longo prazo, a nível de projeto de sociedade.

Paulo Brum apoiou o governo Yeda, que sucateou a educação pública no estado, tornando ainda mais dificil a já complicada inclusão dos estudantes com deficiencia. O mesmo governo que pôs em prática um programa de corte de gastos públicos que prejudicou profundamente a qualidade de vida das classes mais baixas, onde está concentrado o maior percentual de pessoas com deficiência.

Esse deputado surfa na onda de um falso "politicamente correto" que encobre o verdadeiro tratamento que a sociedade atual dá as pessoas com deficiencia.

Nas novelas da TV, no rádio, na internet e na mídia em geral vemos basicamente dois arquétipos de pessoas com deficiencia, que igualmente servem ao sistema.
Um é o do herói, aquela pessoa com deficiencia que faz tudo o que aqueles que não tem deficiencia fazem com tamanha destreza que demonstra não necessitar de acessibilidade. (Aqui não estou duvidando da capacidade das pessoas com deficiência, mas elas têm dificuldades oriundas da própria deficiencia para realizar algumas tarefas práticas do dia a dia que necessitam de acessibilidade para serem superadas Esse arquétipo causa admiração nas pessoas mas mascara as reais necessidades das pessoas com deficiencia). Geralmente é o arquétipo que é incorporado pelos movimentos de pessoas com deficiência que não têm perspectiva classista.
O outro arquétipo é o da vítima, a pessoa com deficiencia que demonstra incapacidade de viver em inclusão, de ser produtiva e que é dependente do assistencialismo que, nós sabemos, a acomoda e menospreza. É o discurso das políticas paliativas e imediatistas que tiram das pessoas com deficiência a consciência da sua capacidade de luta por seus direitos.
É majoritariamente dessas formas que defender as pessoas com deficiencia e a acessibilidade hoje em dia "está na moda".

E como se não bastasse, o deputado Paulo Brum foi um dos que votou a favor do próprio aumento de salário, que será pago com dinheiro público que deveria estar sendo usado entre outras coisas, para a inclusão e a acessibilidade que ele diz tanto defender.

Não nos deixaremos enganar! Paulo Brum é paraplégico mas não representa a luta pelos reais direitos das pessoas com deficiência.

A NOSSA PLENA ACESSIBILIDADE SÓ VIRÁ JUNTAMENTE COM A IGUALDADE!!!!!!

Maíra Teixeira Cordeiro - Estudante de Letras da UFRGS