4 de mar. de 2013

8 de Março



Mariana Pahim – Militante da ANEL RS e da Construção Socialista 

Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.
Simone de Beauvoir


 A realidade feminina é sangrenta. A cada 15 segundos, uma mulher é violentada no Brasil. A cada 2 horas, uma mulher é assassinada. A maioria das vítimas é morta por parentes, maridos, namorados, ex-companheiros ou homens que foram rejeitados por elas. Não é necessário olhar para muito longe para termos um exemplo: o caso do jogador Bruno, que será julgado no dia 4 de março por assassinar uma ex-companheira que lhe cobrava condições mínimas para sustentar o filho dos dois.
                        Essa violência é a expressão mais visível da desigualdade de gênero causada pelo machismo. A naturalização da educação machista impõe uma necessidade de controle, apropriação e exploração do corpo, da vida e da sexualidade feminina. Tudo isso limita o modo de vida da mulher,  fere seu direito de ir e vir. Precisam preocupar-se se a roupa está curta, transparente ou apertada demais. Andam na rua carregando praticamente uma culpa em ser mulher, pois isso pode levá-las a sofrer abusos por parte da população masculina. E as leva, de fato.Vivemos hoje uma "cultura do estupro". É inadmissível que ocorram episódios como o que aconteceu com a indiana que estava em um ônibus em Nova Déli e foi violentada por cinco homens por mais de uma hora, e depois, teve seu corpo jogado para fora do veículo. Quem deu permissão para aqueles homens a tocarem? A sociedade machista deu. A mesma sociedade que estereotipou o sexo feminino como uma figura frágil, delicada, obediente. 
                    Por estes motivos e outros de uma interminável lista, que devemos fazer do 8 de março mais um dia entre todos nossos dias de luta pelo fim da violência contra a mulher. Desde suas primeiras comemorações, que inicialmente não se deram na data que adotamos hoje, o Dia da Mulher teve um caráter combativo. O 8 de março nasce em 1921, a partir da Conferência das Mulheres Comunistas em Moscou, onde o dia é adotado como a data unificada para o Dia das Mulheres Operárias. O 8 de março é então espalhado pela recém criada 3ª Internacional, como o dia das comemorações das lutas das mulheres.
                 Hoje, temos ainda muito pela frente para quebrar o padrão que criaram para seguirmos e tomar de volta nossa liberdade. Cabe, não só às mulheres, mas a toda sociedade travar as lutas pela autonomia do sexo feminino sobre si mesmo e pela igualdade de gênero, indispensável para a construção de novos valores, de uma nova sociedade.
                   Neste 8 de março, não temos nada a celebrar, mas muito a reivindicar.