7 de ago. de 2013

Ei UNE, eu não agüento mais, você, não me representa!

Lucas Fogaça, na Ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre

Por Lucas Fogaça, estudante de Letras (UFRGS) e militante da ANEL


A União Nacional dos Estudantes (UNE) é uma entidade histórica do movimento estudantil: nasceu há mais de 70 anos atrás e ficou amplamente reconhecida como um importante setor de organização da luta por liberdades democráticas durante a ditadura militar. Foi o titã que impulsionou o Fora Collor! Durante muitos anos foi uma grande referência para o movimento estudantil brasileiro. Porém hoje é exatamente o oposto a isso. Porque os jovens que vão às ruas a rechaçam? Porque a UNE sumiu? 

A UNE sumiu e é rechaçada porque ela trocou de lado. Ela saiu das ruas e foi para os gabinetes. Passou a funcionar como um verdadeiro Ministério Estudantil, recebendo milhões e milhões do governo federal. E, como diz o ditado, “quem paga a banda escolhe a música”. Hoje ela serve como uma verdadeira barreira de proteção e correia de transmissão do governo,chocando-se assim com as multidões que foram às ruas em Junho e Julho. 

Para dar um exemplo, semanas atrás o Congresso Nacional aprovou o Estatuto da Juventude. Entre outros ataques, o Estatuto restringe para 40% a meia-entrada em eventos culturais. Isso é mais grave quando sabemos como funciona a fiscalização em nosso país, afinal será muito fácil para o dono do estabelecimento comercial dizer que já se esgotaram os 40%. Mas isso não é tudo, esse mesmo Estatuto que não versa uma linha sobre o Passe Livre estudantil, coloca a UNE como a única entidade representativa dos estudantes, e, portanto, detentora da exclusividade de emissão das carteirinhas estudantis. Aqui se leia: a UNE trocou o nosso mínimo direito à cultura para seguir financiando seu aparato burocrático. Por essa defesa aos governos, aqui em Porto Alegre, a única entidade do movimento social a ser expulsa do Bloco de Lutas foi a UNE. 

As Jornadas de Junho e a Greve Nacional do dia 11 de Julho são parte de um mesmo processo e apontam num mesmo sentido: a juventude e os trabalhadores despertaram e disseram “Basta! Não aceito mais a vida como ela é! Quero mudanças profundas!” A UNE, está na contramão dos interesses do povo em luta. Dia 30 de agosto será mais um dia de Greve Nacional. Muitos estarão nas ruas marchando ao lado dos trabalhadores e pelo PASSE LIVRE. À UNE resta uma opção: ou ela rompe com os governos e vem pra luta, ou será atropelada por ele.