29 de jan. de 2014

OCUPAR AS RUAS CONTRA A TRANSFOBIA!


O dia 29 de janeiro é lembrado no Brasil como o Dia da Visibilidade de Travestis, Transexuais e Transgêneros desde 2004, a partir de uma iniciativa da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA). Nessa sociedade opressora nada mais justo que @s trans possam ter um dia para reforçar sua luta na busca por direitos, respeito e pelo fim da transfobia. A transfobia é um termo utilizado especificamente para denominar a opressão sofrida por quem possui uma identidade de gênero oposta ao sexo.

Travestis, transexuais e transgêneros são pessoas que se identificam com o gênero oposto ao sexo que nasceram. Ao crescerem e viverem suas vidas, elas percebem que seus comportamentos e jeito de ser não se encaixam aos moldes de “homem” e “mulher” pré-fabricados pela sociedade.

Para além das dificuldades em ser reconhecid@ na própria família, a juventude trans descobre desde cedo como que a transfobia se manifesta já na escola, quando professores e colegas se negam a se referirem a sua identidade de gênero. O que nas palavras dos especialistas chamam de bullying e que se trata de discriminação.

Seja na escola, na universidade ou nos locais públicos outro drama cotidiano se refere à utilização dos banheiros pelas pessoas trans. Visto que nossa sociedade capitalista e opressora opera apenas com o binômio homem/mulher a polêmica se instala quando trans ousam transgredir as normas impostas da cultura.

Apesar das reivindicações dos trans homens ser semelhante às lutas das trans mulheres, a invisibilidade é muito maior, inclusive no movimento LGBT. Não é incomum ser visto como uma "lésbica masculinizada", ou seja, confundindo sua identidade de gênero com a orientação sexual.

A sociedade capitalista não deixa espaço para que travestis, transexuais e transgêneros possam viver com um mínimo de paz. Ao se identificarem com o gênero oposto ao sexo, seja em casa, na escola, na rua ou no trabalho sofrem uma opressão cruel e mesquinha. São expulsas de casa, não conseguem emprego formal, sofrem violência na rua e abandonam os estudos.

Apesar de quase não @s vermos nas escolas, nos locais de trabalho e nas universidades basta passarmos pelos pontos de prostituição nas cidades que logo veremos onde a sociedade @s coloca. A sua marginalização é extrema. Por terem, em sua maioria, baixa escolaridade e pouca chance de empregos formais, vendem seu próprio corpo para sobreviver.

No Rio Grande do Sul existe a possibilidade de utilização do nome social, mas com muitas limitações que não as preservam da discriminação. Nas instituições de ensino, o uso do nome social depende da “boa vontade dos gestores”, como no caso recente da estudante Emmanuele Colussi na Universidade de Passo Fundo. A mesma estudante, militante no Plural Sexodiverso, que havia concorrido nas eleições do DCE onde a Comissão Eleitoral ignorou o seu pedido de uso do nome social, sendo que no final da campanha foi agredida verbalmente por um estalinista dentro da UPF. O movimento LGBT e estudantil denunciou, mas a UPF não disse nada.


A luta pelo nome social a nível nacional e sem restrição e a luta pela criminalização da transfobia são bandeiras históricas do movimento. Infelizmente, a Presidenta “Dilmá” (como é chamada por muitos no movimento LGBT), não tem nenhuma intenção de comprar essa briga, pois muitos de seus aliados no governo e no congresso nacional são justamente aqueles que defendem o ódio aos LGBT's.

A cada 26 horas morre um LGBT no Brasil, segundo dados do GGB (Grupo Gay da Bahia), em 2013 foram 307 mortes violentas de LGBT's e destas 121 de trans. Mesmo com tamanha violência, o governo Dilma insiste em fazer vista grossa. Não defendeu o PLC 122 que criminaliza a opressão contra LGBT, para continuar recebendo o apoio dos conservadores de plantão no congresso. Ao mesmo tempo, vetou o Kit Escola sem Homofobia e o vídeo de prevenção à AIDS para LGBT durante o carnaval de 2012.

A ANEL tem orgulho de levantar a bandeira do combate a todas as formas de opressões, exigimos:

- A despatologização das identidades de gênero! Transexualidade não é doença!

- O direito ao nome social em todos os documentos de responsabilidade das universidades e escolas!

- Nome social no registro civil!

- Que os HU’s realizem a cirurgia de redesignação sexual, bem como acompanhamento médico e psicológico, caso seja reivindicado pel@ usuári@!

- Por políticas de atendimento à saúde de LGBT's adequado nas universidades e escolas! Não queremos ser estereotipad@s por nossa identidade de gênero ou orientação sexual!

- Pela aprovação imediata do PL 5002/13, que permite a mudança de nome e sexo/gênero no registro civil e o acesso a tratamentos hormonais e cirurgias de redesignação genital gratuitamente pelo SUS!


                    Participe das atividades marcadas nessa semana no RS:


Pelotas – CineDebate Visibilidade Trans – 29/01 – Germinal LGBT

Passo Fundo – Ato pelo Fim da Transfobia – 01/02 – Plural Coletivo Sexodiverso